sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Praia do Gonzaga

IMITANDO CAMÕES
Vicente de Carvalho


Quando partiste, em pranto, descorada

A face, o lábio trêmulo... confesso:

Arrebatou-me um verdadeiro acesso

De raivosa paixão desatinada.



Ia-se nos teus olhos, minha amada,
A luz dos meus; e então, como um possesso,

Quis arrojar-me atrás do trem expresso

E seguir-te correndo pela estrada...



"Nem há dificuldade que não vença
Tão forte amor!" pensei. Ah, como pensa

Errado o vão querer das almas ternas!



Com denodo atirei-me sobre a linha...
Mas, ao fim de uns três passos, vi que tinha

Para tão grande amor, tão curtas pernas.


***

(*) Conhecido como Poeta do Mar, o santista Vicente de Carvalho teve seu nome destacado em uma das principais avenidas da orla marítima santista. Nascido em 5/4/1866, faleceu em 22/5/1924, também em Santos. Suas principais obras são Poemas e Canções; Rosa, Rosa do Amor; Páginas Soltas e Relicário.

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domingo, 20 de setembro de 2009

Praia do Gonzaga


COMO É BOM SER BOM

Martins Fontes



Tu, que vês tudo pelo coração,
Que perdoas e esqueces facilmente,
E és, para todos, sempre complacente,
Bendito sejas, venturoso irmão.




Possuis a graça como inspiração
Amas, divides, dás, vives contente,
E a bondade que espalhas, não se sente,
Tão natural é a tua compaixão.




Como o pássaro tem maviosidade,
Tua voz, a cantar, no mesmo tom,
Alivia, consola e persuade.




E assim, tal qual a flor contém o dom.
De concentrar no aroma a suavidade,
Da mesma forma, tu nasceste bom.

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José Martins Fontes, poeta brasileiro, nascido na cidade paulista de Santos, às 17 h 30 min. em 23 de junho de 1884. Como médico, notabilizou-se como conferencista e foi tisiologista da Santa Casa de Misericórdia de Santos e destacado humanista. A partir de 1924 tornou-se correspondente da Academia de Ciência de Lisboa. Morreu em Santos em 25 de junho de 1937 e está sepultado no Cemitério de Paquetá, desta cidade. Neste cemitério estão sepultados, entre outros, o poeta do mar, o santista Vicente de Carvalho e, mais recentemente o ex-governador de S.Paulo, o também santista Mário Covas.

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http://www.sonetos.com.br/biografia.php?a=22

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sábado, 19 de setembro de 2009


A CASA ONDE NASCI..
Guida Linhares

Ah! Velha casa, quanta saudade!
Localizada no Bairro da Encruzilhada,
na Avenida Conselheiro Nébias, 272.
Foi lá que cheguei ao mundo.
Um casarão antigo de porão alto
que foi a delícia da minha infância.
Junto com meus pais, tios e avós
eu corria pelo quintal atrás das borboletas
e via meu "nono" alimentar os sabiás.
As árvores recheadas de frutas
faziam a doçura das horas que ali passávamos
goiabas, abils, caquis, sapotas, figos,
bergamotas, pitangas araçás e carambolas,
peludas e fruta do conde,
bananas em pencas
limões galegos e laranjas peras
forravam o chão quando maduras
e muitas vezes, usávamos uma vara comprida
para balançar alguma fruta que vistosa
nos atraia ainda no pé.
Havia também o galinheiro
onde minhas amigas todas tinham nome
e eu corria atrás delas
porque não tinha ainda irmãos
nem amiguinhas
mas também as alimentava
pondo o milho nas mãos
e elas vinham todas alegres
me fazer companhia
menos o galo que era meio arisco.
E foi um tempo tão delicioso
da minha vida
que relembro com lágrimas
meus avós sentados na varanda
a me esperar do colégio
- Quantos 100 tirou a minha neta?
Meu vô perguntava me abraçando
e eu sentava em seu colo
e me sentia a princezinha mais amada.
Quando meu vô partiu, eu estava na escola
e quando vim chegando vi uma longa cortina preta
na porta principal da sala
que dava para o comprido corredor
e não entendi o porquê.
Naquele tempo fazia-se o velório em casa,
e quando me contaram nem acreditei,
que ali naquele caixão repousava
o meu primeiro grande amor,
meu avô amado, que me contava estórias
e cantava as belas áreas em italiano,
e juntos ouvíamos a estação
no velho radio capela.
Eu estava com 10 anos de idade,
mas se fechar meus olhos,
revejo todo este tempo passado,
como se fosse um presente revisitado.
E nele me refugio quando quero
fugir dos tempos atuais e voltar a sentir
todas as alegrias e dores
daquela época tão marcante.
E um dia quando nos reencontrarmos
em alguma estrela luzente,
direi a meus avós queridos que tanta foi a saudade
que o passado se tornou presente
e os abraçarei com carinho
e da estrela sairão faiscas de amor contente.

Santos, SP
21/06/06

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sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Santos amada

Campeonato de surfistas na praia do José Menino

Fonte do Sapo, na Ponta da Praia

Ciclovia em toda orla da praia.

O colar de esmeraldas

As luzes marítimas

MOMENTO POÉTICO

"Não tira da alma os ressábios,
quem seu mal aos outros diz.
Pões um sorriso nos lábios,
e pensarão que és feliz!

Aristheu Bulhões, alagoano,
santista de coração!

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sexta-feira, 4 de setembro de 2009